O que é Conforto Térmico?
Conforto Térmico em edificações refere-se à satisfação dos usuários em relação à sensação térmica do ambiente. O conforto térmico pode ser alcançado através do uso de diversas soluções, sendo responsabilidade do projetista analisar as condições climáticas e definir as estratégias passivas e ativas de climatização; preferencialmente durante a elaboração do Projeto Arquitetônico.
A NBR 15220 define conforto térmico como:
Satisfação psicofisiológica de um indivíduo com as condições térmicas do ambiente.
Idealmente, deve-se buscar soluções passivas para tornar a edificação termicamente confortável e ao mesmo tempo economizar energia, consequentemente reduzindo os gastos com o imóvel durante sua vida útil e conservando o meio ambiente.
Requisitos e Critérios de Concorto Térmico
A condição de conforto térmico varia de acordo com as atividades realizadas em um ambiente, porém, de modo geral, a temperatura deve estar entre 23°C e 26° no verão e entre 20°C e 23°C no inverno. A temperatura deve ser uniformemente distribuída no espaço, evitando áreas com grande diferença de temperatura.
Além da temperatura, a umidade relativa do ar também desempenha um papel importante no conforto térmico, visto que influencia na sensação térmica do ambiente. A faixa recomendada de umidade relativa geralmente varia de 40% a 65% no verão e 35% a 65% no inverno. Valores muito baixos de umidade podem causar desconforto, como ressecamento da pele e irritação dos olhos, enquanto altos níveis de umidade podem levar à sensação de abafamento e facilitar o crescimento de mofo e bactérias.
Outro fator a ser considerado é a velocidade do ar no ambiente. Uma corrente de ar excessiva pode causar desconforto, especialmente quando combinada com temperaturas mais baixas. É importante garantir uma ventilação adequada para evitar o acúmulo de calor e manter o ar fresco circulando, mas sem criar correntes de ar incômodas.
Principais Conceitos do Conforto Térmico
Zona Bioclimática
As Zonas Bioclimáticas, de acordo com a NBR 15220, são regiões geográficas homogêneas quanto aos elementos climáticos que interferem nas relações entre ambiente construído e conforto humano. Essas regiões são utilizadas para identificar as estratégias bioclimáticas mais indicadas para cada projeto, de acordo com sua localização.
Estratégia Bioclimática
As Estratégias Bioclimáticas são soluções a serem adotadas de acordo com a Zona Bioclimática, sendo elas:
- Aquecimento Artificial
- Aquecimento Solar
- Desumidificação
- Inércia Térmica de Aquecimento
- Inércia Térmica de Refrigeração
- Resfriamento Evaporativo
- Refrigeração Artificial
- Sombreamento
- Umidificação
- Ventilação Natural
Temperatura
A temperatura é um dos aspectos mais importantes quando tratamos de conforto térmico, visto que influencia diretamente na troca de calor entre o corpo e o ambiente. Cada vez mais a importância do controle de temperatura nos ambientes vem aumentando em decorrência das mudanças climáticas.
Umidade
A umidade refere-se à quantidade de vapor de água em relação à massa de ar do ambiente. Sua influência no conforto térmico é dada principalmente pelo impacto na capacidade de transpiração do corpo.
Soluções Passivas para Conforto Térmico
Esquadrias e Vidros Isolantes
As esquadrias e vidros com múltiplas camadas, como a janela antirruído, além de proporcionar um ótimo isolamento térmico, colaboram também para o isolamento acústico do ambiente.
O isolamento desses elementos reduz a troca de calor entre o interior e exterior da edificação, contribuindo para a redução da amplitude térmica através do aumento da inércia térmica. A solução é igualmente útil para manter o ambiente aquecido ou refrigerado.
Vidros Low-E (Baixa Emissividade)
O vidro low-e, também chamado de vidro de baixa emissividade, é uma tecnologia utilizada principalmente em edificações de alto padrão, em razão de seu custo. O vidro low-e permite a passagem de luz solar e bloqueia parte da radiação responsável pelo aquecimento do ambiente.
Cobertura
A cobertura é um dos elementos mais importantes quando tratamos do conforto térmico de edificações, visto que é o local onde há maior incidência solar. A escolha do tipo de cobertura, juntamente com seus elementos, faz toda diferença nas demais decisões do projeto.
Além do tipo de cobertura e/ou telhamento, é importante analisar soluções complementares, como o forro com lã de rocha ou lã de vidro, que apesar de não compor a estrutura da cobertura, atua em conjunto com a mesma no isolamento do interior da edificação.
Algumas estratégias que podem ser adotadas na cobertura são:
- Efeito Chaminé
- Cobertura Ventilada
- Cobertura Verde
Insolação e Sombreamento
O sombreamento de esquadrias, vidros e até mesmo de alvenarias, pode ser utilizado como solução para redução do calor absorvido pela edificação. Alguns exemplos de elementos utilizados para sombreamento são:
- Marquise
- Toldo
- Brise
- Película
Como abordamos em nosso artigo Planta Pronta, vale a pena?, a orientação solar é de grande importância para definir diversas características da edificação, principalmente em relação às soluções de isolamento térmico e iluminação.
Por exemplo, enquanto no Nordeste a incidência solar ocorre em todas fachadas, variando de acordo com a época do ano, na região Sul a fachada Sul nunca recebe luz solar diretamente. Além disso, é necessário verificar o ângulo de incidência solar para calcular a dimensão de marquises e demais elementos de sombreamento.
Apesar de ser comum pensar na redução de temperatura quando tratamos de conforto térmico, também existem cidades com clima frio no Brasil. Por isso, é importante levar em consideração a incidência solar durante todo o ano, principalmente para planejamento do posicionamento de janelas, vidros fixos e claraboias, a fim de evitar que o ambiente seja confortável em uma época e desconfortável em outra.
Ventilação
A ventilação é essencial para garantir o conforto e salubridade da edificação através da renovação de ar e redução da umidade. A depender da zona bioclimática, diferentes tipos de ventilação podem ser necessários, sendo alguns exemplos:
- Ventilação Seletiva
- Ventilação Cruzada
- Ventilação Zenital
Para o correto planejamento da ventilação da edificação é necessário considerar características como a permeabilidade das fachadas, comunicação entre os ambientes e ventos predominantes.
- Para mais informações, leia o artigo: Ventilação – Tipos, Planejamento e Dicas
Umidificação
A presença de umidade ajuda a reduzir a temperatura do ambiente através da evaporação, processo esse que recebe o nome de resfriamento evaporativo. O aumento da umidade dos ambientes de forma passiva pode ser feita através de uso de vegetação e espelhos d’água.
Soluções Ativas para Conforto Térmico
Aquecimento Artificial (Calefação)
A calefação é um tipo de sistema de aquecimento artificial da edificação, muito utilizado em regiões temperadas e polares, onde a temperatura atinge valores muito baixos e até mesmo negativos. No Brasil a calefação é utilizada com maior frequência na região Sul e em locais de grande altitude.
Existem diversos tipos de calefação, sendo alguns:
- Sistema de Aquecimento de Água a Gás (SAAG)
- Sistema de Aquecimento Solar (SAS)
- Sistema de Aquecimento Elétrico
- Piso Aquecido
- Ar-condicionado Split ou Compacto
- Ar-condicionado Central
- Lareira
Para definir qual o melhor sistema para sua residência é preciso analisar fatores como: tempo de funcionamento, média de temperatura, incidência solar e custo da energia elétrica.
Resfriamento Artificial
O ar-condicionado é uma das soluções mais conhecidas e utilizadas para condicionamento do ar, seja para resfriamento ou aquecimento. Porém, é também uma das soluções que representam maior gasto com energia elétrica, principalmente em locais onde não há o correto isolamento do ambiente.
Umidificador
O aparelho umidificador desempenha função semelhante à vegetação e espelhos d’água, porém com maior eficiência mas com uso de energia elétrica. O aparelho é ideal para zonas bioclimáticas em que o resfriamento evaporativo é indicado.
Referências
- Estratégias Bioclimáticas – LabEEE
- Bioclimatologia Aplicada ao Projeto de Edificações Visando o Conforto Térmico – LabEEE
- Análise de Desempenho Térmico de Habitação de Interesse Social conforme a NBR 15220 e proposta de Retrofit em Madeira
- NR 17 – Ergonomia
- Resolução – RE nº 9, de 16 de janeiro de 2003 – ANVISA
- Normas Técnicas
- NBR 15220 – Desempenho Térmico de Edificações
- Parte 1: Definições, Símbolos e Unidades
- Parte 2: Componentes e Elementos Construtivos das Edificações – Resistência e Transmitância Térmica – Métodos de Cálculo
- Parte 3: Zoneamento Bioclimático Brasileiro e Diretrizes Construtivas para Habitações Unifamiliares de Interesse Social
- Parte 4: Medição da Resistência Térmica e da Condutividade Térmica pelo Princípio da Placa Quente Protegida
- Parte 5: Medição da Resistência Térmica e da Condutividade Térmica pelo Método Fluximétrico
- NBR 15575 – Edificações Habitacionais – Desempenho
- Parte 1: Requisitos Gerais
- Parte 2: Requisitos para os Sistemas Estruturais
- Parte 3: Requisitos para os Sistemas de Pisos
- Parte 4: Requisitos para os Sistemas de Vedações Verticais Internas e Externas – SVVIE
- Parte 5: Requisitos para os Sistemas de Coberturas
- Parte 6: Requisitos para os Sistemas Hidrossanitários
- NBR16401 – Instalações de Ar-Condicionado – Sistemas Centrais e Unitários
- Parte 1: Projetos das Instalações
- Parte 2: Parâmetros de Conforto Térmico
- Parte 3: Qualidade do Ar Interior
- NBR 15220 – Desempenho Térmico de Edificações