Concreto Autoadensável – O que é, Vantagens e Aplicação

O que é Concreto Autoadensável?

O Concreto Autoadensável (CAA) é um tipo de concreto que, conforme indica o nome, não precisa ser adensado através do uso de vibradores. O material foi desenvolvido no Japão durante a década de 80 e começou a ser utilizado com mais frequência no Brasil a partir de 2004; é considerado uma das maiores inovações tecnológicas na construção civil.

Sua utilização deve ser analisada durante o desenvolvimento do Projeto Estrutural e Projeto de Fundação.

Concreto Autoadensável
Concretagem com Concreto Autoadensável

Seu nome já identifica a principal vantagem deste tipo de concreto em relação ao concreto convencional; ao ser lançado o concreto preenche toda a fôrma, envolvendo a armação do elemento de concreto armado sem necessidade de vibrações externas e sem deixar espaços vazios, que poderiam causar patologias construtivas.

É importante ter em mente que nem todo concreto com alta fluidez é considerado um concreto autoadensável, pois é necessário atender a outros critérios para ser classificado como tal, critérios estes que são alcançados através do uso de aditivos químicos no traço do concreto. Portanto, não basta adicionar água no concreto para que ele se torne autoadensável.

O concreto autoadensável é normatizado pela NBR 15823, que detalha os procedimentos para controle e uso do material. E, assim como as demais estruturas de concreto, o dimensionamento de peças estruturais precisa atender também aos requisitos da NBR 6118.

Vantagens e Desvantagens do Concreto Autoadensável

As principais vantagens do concreto autoadensável são sua fluidez e coesão, pois nesse tipo de concreto não ocorre a segregação dos materiais presentes e não há risco do preenchimento incompleto das fôrmas, o que é de extrema importância para a qualidade final dos elementos estruturais. Sua fluidez advém da utilização de aditivos superplastificantes à base de policarbonato, que reduzem o volume de água na massa. Já os aditivos modificadores de reologia garantem maior coesão.

As principais desvantagens são seu custo mais elevado que o concreto convencional e a necessidade de maior controle tecnológico, mas que podem ser compensadas pela eliminação da necessidade de vibrações para seu adensamento, reduzindo o tempo gasto nas etapas de concretagem, ocorrência de erros na execução, quantidade de mão de obra e o ruído, possibilitando concretagens noturnas em cidades.

Todas as características devem ser analisadas em estudos de viabilidade técnica e econômica, para determinar a vantajosidade do uso desse tipo de concreto.

Composição do Concreto Autoadensável

Além dos aditivos mencionados, os outros materiais que compõem o Concreto Autoadensável seguem a fórmula padrão dos concretos, sendo cimento, areia, brita e água. Entretanto esses materiais precisam atender alguns requisitos extras que determinam a qualidade do concreto, sendo eles:

Cimento

É possível utilizar qualquer tipo de cimento, entretanto o mais recomendado é CPV ARI, que possui alta resistência inicial. O CPV ARI é recomendado por ser mais fino que outros tipos.

Agregado Miúdo

A areia utilizada pode ser de origem natural ou artificial, devendo apresentar um módulo de finura ± 0.20 mm e possuir grãos esféricos, pois impactam diretamente na fluidez do concreto. Por isso é mais comum o uso de areia artificial obtida através de processos industriais.

Agregado Graúdo

É recomendado trabalhar com agregados mais esféricos possíveis, para acelerar o adensamento do concreto, e com dimensão máxima característica entre 12,5 e 19 mm.

Sílica Ativa

Possui a função de beneficiar o concreto físico-quimicamente. Suas partículas preenchem o elemento estrutural pois são menores que do cimento, efeito conhecido como microfiller, proporcionando maior coesão e reduzindo sua porosidade.

A sílica também é rica em dióxido de silício amorfo, que reage com o hidróxido de cálcio presente no cimento hidratado e forma o gel silicato de cálcio hidratado (CSH), conferindo maior resistência e durabilidade ao elemento.

Aplicação e Cuidados

Antes de sua aplicação do Concreto Autoadensável deve ser realizado o slump test, sendo necessário um abatimento igual ou maior que 550 mm. O local de aplicação deve estar limpo para que nenhuma substância reaja com o concreto durante sua cura.

CONCRETO AUTO - ADENSÁVEL( joinville)

Esse tipo de concreto pode ser utilizado para construção de diversos elementos, como lajes, contrapisos, vigas, pilares, fundações rasas e profundas, pré-moldados, calçadas, entre outros. Com a vantagem de “se espalhar sozinho” pode cobrir grandes planos horizontais, além de dispensar correção de nível.

Por que o Concreto Autoadensável é pouco utilizado?

Um estudo realizado pela Universidade Federal do Ceará comparou o uso do concreto autoadensável e concreto convencional na concretagem de uma edificação vertical.

Foram levados em consideração o ruído, custo, tempo de concretagem, quantitativo de mão de obra e maquinário. O Concreto Autoadensável apresentou os melhores resultados, como melhoria de 60,7% de produtividade da mão de obra, uma taxa de concretagem de 46,1% superior e diminuição do ruído em 10,6%. Entretanto o custo mostrou ser 8,8% maior que o concreto convencional, sendo esta a principal desvantagem do concreto autoadensável atualmente.

Por isso o estudo de viabilidade econômica se faz necessário, pois apesar do custo elevado alguns empreendimentos consideram a redução do tempo de obra para o cálculo de Retorno sobre Investimento (ROI), por exemplo, para início da venda ou locação de imóveis.

Referências

  • COSTA, Ada Catarina Soares de Sena; CABRAL, Antônio Eduardo Bezerra. Estudo comparativo entre o concreto autoadensável e o concreto convencional vibrado em obra vertical. Ambient. constr., Porto Alegre, v. 19, n. 4, p. 289-301, Dec.2019.
  • Normas Técnicas 
    • NBR 15823 – Concreto Autoadensável
      • Parte 1: Classificação, Controle e Recebimento no Estado Fresco
      • Parte 2: Determinação do Espalhamento, do Tempo de Escoamento e do Índice de Estabilidade Visual – Método do Cone de Abrams
      • Parte 3: Determinação da Habilidade Passante – Método do Anel J
      • Parte 4: Determinação da Habilidade Passante – Métodos da Caixa L e da Caixa U
      • Parte 5: Determinação da Viscosidade – Método do Funil V
      • Parte 6: Determinação da Resistência à Segregação – Métodos da Coluna de Segregação e da Peneira
    • NBR 6118 – Projeto de Estruturas de concreto – Procedimento