Concretagem – Guia Completo

O que é Concretagem?

A concretagem é um dos processos envolvidos na construção de estruturas de concreto nas edificações, como vigas, pilares e lajes. Essa etapa é realizada após a montagem de fôrmas e colocação da armadura, para concreto armado, ou cordoalha, para concreto protendido.

Concretagem

Para garantir a qualidade dos elementos estruturais, é essencial seguir uma série de etapas que veremos neste artigo. Durante a execução, todas informações devem ser registradas no Diário de Obra.

Plano de Concretagem

O Plano de Concretagem, ou Plano de Execução de Concretagem, é o planejamento de como as etapas de concretagem serão executadas. O planejamento é essencial para evitar problemas como falta de material, falta de equipe, gargalos de execução, juntas sem aderência, entre outros. O plano deve prever:

  • Área ou o volume concretados em função do tempo de trabalho;
  • Fornecimento da quantidade adequada de concreto com as características necessárias à estrutura de acordo com equipe e equipamentos disponíveis.
  • Relação entre lançamento, adensamento e acabamento;
    • Altura das camadas de lançamento do concreto e o processo mais adequado de adensamento;
    • Acabamento final dos elementos;
  • Juntas de concretagem;
  • Responsável pela execução das estruturas de concreto;
  • Responsável pelo Projeto Estrutural;
  • Se a concretagem for realizada durante a noite, deve-se prever sistema de iluminação que permita condições de inspeção, acompanhamento da execução e controle dos serviços com segurança;
  • Distância entre o local de mistura e aplicação do concreto;
    • Salvo condições específicas definidas em projeto, ou influência de condições climáticas ou de composição do concreto, recomenda-se que o intervalo de tempo entre o instante em que a água de amassamento entra em contato com o cimento e o final da concretagem não ultrapasse a 2 h 30 min;
    • O concreto deve ser transportado do local do amassamento ou da boca de descarga do caminhão betoneira até o local da concretagem num tempo compatível com as condições de lançamento;
  • Procedimentos para inspeção, documentação e liberação das fôrmas, armaduras e demais elementos;
    • Cada um dos aspectos deve ser cuidadosamente examinado, de modo a assegurar que está de acordo com o projeto, as especificações e as normas técnicas.
  • Medidas necessárias para a correta cura do concreto, considerando a temperatura e umidade ambiente;
    • Se necessário, prever a utilização de aditivos aceleradores ou retardadores de pega;
  • No caso de concreto bombeado, definir o diâmetro interno do tubo de bombeamento, que deve ser no mínimo quatro vezes o diâmetro máximo do agregado.

Os equipamentos devem ser dimensionados de forma a possibilitar que o trabalho seja desenvolvido sem atrasos e a equipe de trabalhadores deve ser suficiente para assegurar que as operações de lançamento, adensamento e acabamento do concreto sejam executadas corretamente.

O sistema de transporte deve, sempre que possível, permitir o lançamento direto do concreto nas fôrmas, evitando o uso de depósitos intermediários; quando estes forem necessários, no manuseio do concreto devem ser tomadas precauções para evitar segregação.

Quando o lançamento for submerso, o estudo de dosagem deve prever um concreto autoadensável, coeso e plástico. Na falta de um estudo de dosagem que garanta essas características, deve-se preparar o concreto com consumo mínimo de cimento Portland maior ou igual a 400 kg/m3 e consistência plástica, de forma que possa ser levado ao local de lançamento por meio de uma tubulação submersa.

Etapas da Concretagem

Verificações Preliminares

Fôrmas

Antes do lançamento do concreto, devem ser conferidas as dimensões, nivelamento e prumo das fôrmas de acordo com a Planta de Fôrmas do Projeto Estrutural, admitindo-se as tolerâncias a seguir, salvo disposição contrária.

Dimensão das Seções:

  • 5mm para dimensões menores ou iguais a 60cm;
  • 7mm para dimensões entre 60mm e 120mm;
  • 10mm para dimensões entre 120mm e 250mm;
  • 0,4% da dimensão para dimensões maiores que 250mm.

Comprimento:

  • 5mm para comprimento menor ou igual a 3m;
  • 10mm para comprimento ente 3m e 5m;
  • 15mm para comprimento entre 5m e 15m;
  • 20mm para comprimento maior que 15m.

Deve-se verificar ainda a superfície interna das fôrmas, que deve estar limpa, e a condição de estanqueidade das juntas, para que não haja perda de pasta ou argamassa.  Nas fôrmas de paredes, pilares e vigas estreitas e altas, devem ser deixadas aberturas provisórias, para limpeza, próximas ao fundo.

Fôrmas construídas com materiais que absorvam umidade, ou facilitem a evaporação, devem ser molhadas até a saturação, para minimizar a perda de água do concreto. É indicado que sejam feitos furos para escoamento da água em excesso.

Verificar também a aplicação de desmoldante, quando indicado em projeto, e tratamento da superfície necessário para atender requisitos para concreto aparente.

Escoramento

Antes do lançamento do concreto, devem ser devidamente conferidas:

  • Posições;
  • Estabilidade;
  • Condições Estruturais.

Afim de assegurar que as dimensões e posições das fôrmas sejam mantidas de acordo com o projeto e permitir o tráfego de pessoal e equipamento necessários à operação de concretagem com segurança. A Planta de Escoramento pode auxiliar na verificação dos elementos e garantir a segurança da equipe.

Armadura

A montagem, posicionamento e cobrimento especificados para as armaduras passivas devem ser verificados e as barras de aço devem estar previamente limpas.

A superfície da armadura deve estar livre de ferrugem e substâncias que possam afetar o aço, o concreto ou a aderência entre esses materiais. Armaduras que apresentem produtos destacáveis na sua superfície em função de processo de corrosão devem passar por limpeza superficial antes do lançamento do concreto.

Também é necessário verificar o espaçamento para vibração do concreto. Os trechos com alta concentração de armadura, como na região de trespasse das armaduras de pilares, devem ser verificados com ainda mais atenção, para garantir que há o espaçamento necessário para entrada do concreto.

Canteiro de Obras (Logística Interna)

Antes de iniciar a mistura ou solicitar a entrega de concreto dosado em central, é necessário verificar:

  • As condições operacionais dos equipamentos disponíveis no local de trabalho e sua adequabilidade ao volume de concreto a ser produzido e transportado.
  • As condições e a quantidade disponível de equipamentos necessários ao lançamento e ao adensamento do concreto devem também ser verificadas nesta etapa.
  • A equipe de trabalhadores devidamente treinados para a operação de concretagem deve estar dimensionada para realizar as etapas de preparo do concreto (se for o caso), lançamento e adensamento, no tempo estabelecido.
  • No caso de concreto dosado em central, o trajeto a ser percorrido pelo caminhão betoneira no canteiro de obras até o ponto de descarga do concreto deve estar desimpedido e o terreno firme, de forma a evitar dificuldades na concretagem e atrasos no cronograma dessa operação. A circulação dos caminhões deve ser facilitada, para que caminhões vazios possam deixar o local de descarga, dando espaço para entrada de outros. Após a descarga do concreto, a “bica” de descarga deve ser lavada no canteiro de obras.
  • Quando o concreto for lançado por meio de bombeamento ou quando, em função das dimensões da estrutura de concreto, houver grande quantidade de caminhões circulando, deve-se prever um local próximo ao de concretagem para que os caminhões aguardem pelo momento de descarregar.

Para mais informações leia o artigo: Canteiro de Obras – Elementos e Dicas

Amostragem

Controle do concreto por Amostragem Total

Todas as betonadas são amostradas e representadas por um exemplar que define a resistência à compressão daquele concreto naquela betonada. Neste caso, o valor da resistência característica à compressão do concreto estimada (fck,est) é dado por: fck,est = fc,betonada onde fc, betonada é o valor da resistência à compressão do exemplar que representa o concreto da betonada.

Controle Estatístico do concreto por Amostragem Parcial

Para este tipo de controle, em que são retirados exemplares de betonadas distintas, as amostras devem ser de no mínimo seis exemplares para os concretos do grupo I (classes até C50, inclusive) e 12 exemplares para os concretos do grupo II (classes superiores a C50), conforme estabelece a ABNT NBR 8953:

Para lotes com números de exemplares 6 ≤ n < 20, o valor estimado da resistência característica à compressão (fck,est), na idade especificada, é dado por fck,est = fc,betonada. Em caso de existência de não-conformidade, consultar a ABNT NBR 7680.

A amostragem do concreto para ensaios de resistência à compressão deve ser feita dividindo-se a estrutura em lotes, conforme os critérios:

  • Por Andar;
  • A cada 50m³, para solicitações principais de compressão ou flexo-compressão;
  • A cada 100m³, para solicitações principais de flexão simples;
  • Três dias de concretagem.

Deve-se utilizar o critério que gerar mais lotes.

Referências

  • NBR 5738 – Concreto – Procedimento para Moldagem e Cura de Corpos de Prova
  • NBR 7680 – Concreto – Extração, Preparo, Ensaio e Análise de Testemunhos de Estruturas de Concreto
    • Parte 1: Resistência à Compressão Axial
    • Parte 2: Resistência à Tração na Flexão
  • NBR 16886 – Concreto — Amostragem de Concreto Fresco

Ensaios

Antes do início da concretagem, deve-se preparar uma amassada de concreto para comprovação e eventual ajuste do traço definido no Estudo de Dosagem. Todos os resultados de ensaios e registros efetuados no ajuste e comprovação do traço devem ser documentados e arquivados.

A documentação comprobatória do cumprimento das normas técnicas deve estar disponível e ser arquivada pelo prazo de cinco anos.

Slump Test

O Slump Test, também conhecido como Ensaio de Consistência ou Ensaio de Abatimento, deve ser realizado pelo método do tronco de cone, conforme a NBR 16889, ou de espalhamento e habilidade passante em fluxo livre, no caso de concreto autoadensável, conforme a ABNT NBR 15823-2 e ABNT NBR 15823-3, respectivamente.

Ensaio de Abatimento em Concreto (Slump Test)

Para o concreto preparado pelo construtor, devem ser realizados ensaios de consistência sempre que ocorrerem alterações na umidade dos agregados e nas seguintes situações:

  • Na primeira amassada do dia;
  • Ao reiniciar o preparo após uma interrupção da jornada de concretagem de pelo menos 2 horas;
  • Na troca dos operadores;
  • Cada vez que forem moldados corpos de prova.

Para o concreto preparado por empresa de serviços de concretagem, o Slump Test deve ser feito a cada betonada. No caso de concreto autoadensável, a frequência de realização dos ensaios está estabelecida na NBR15823-1.

Ensaios de Resistência à Compressão

Os resultados dos ensaios de compressão, conforme NBR 5739, devem ser utilizados para aceitação ou rejeição dos lotes.

Laboratório: Determinação da resistência à compressão do concreto (Aula 11)

As amostras devem ser coletadas aleatoriamente durante a operação de concretagem, conforme a NBR 16886. Cada exemplar deve ser constituído por dois corpos de prova da mesma amassada, conforme a NBR 5738, para cada idade de rompimento, moldados no mesmo ato.

Toma-se como resistência do exemplar o maior dos dois valores obtidos no ensaio de resistência à compressão.

Referências

  • NBR 5739 – Concreto – Ensaio de Compressão de Corpos de Prova Cilíndricos
  • NBR 8953 – Concreto para Fins Estruturais – Classificação pela Massa Específica, por Grupos de Resistência e Consistência
  • NBR 15823 – Concreto Autoadensável
    • Parte 1: Classificação, Controle e Recebimento no Estado Fresco
    • Parte 2: Determinação do Espalhamento, do Tempo de Escoamento e do Índice de Estabilidade Visual – Método do Cone de Abrams
    • Parte 3: Determinação da Habilidade Passante – Método do Anel J
    • Parte 4: Determinação da Habilidade Passante – Métodos da Caixa L e da Caixa U
    • Parte 5: Determinação da Viscosidade – Método do Funil V
    • Parte 6: Determinação da Resistência à Segregação – Métodos da Coluna de Segregação e da Peneira
  • NBR 16889 – Concreto — Determinação da Consistência pelo Abatimento do Tronco de Cone

Lançamento

Antes da aplicação do concreto, deve ser feita a remoção cuidadosa de detritos. O concreto deve ser lançado de modo que toda a armadura e componentes embutidos sejam adequadamente envolvidos na massa de concreto.

Concretagem de laje em tempo real ( 57,00 m²) 4,5 m³.

Cuidados para lançamento do concreto:

  • Em nenhuma hipótese deve ser realizado o lançamento do concreto após o início da pega;
  • Concreto contaminado com solo ou outros materiais não deve ser lançado na estrutura;
  • Cuidados especiais devem ser tomados até nas concretagens correntes, tanto em lajes inclinadas quanto em lajes planas, sempre conduzindo o concreto lançado contra o já adensado;
  • As fôrmas devem ser preenchidas em camadas de altura compatível com o tipo de adensamento previsto, por exemplo, prevendo camadas de altura inferior à altura da agulha do vibrador mecânico;
    • Em peças verticais e esbeltas, tipo paredes e pilares, pode ser conveniente utilizar concretos de diferentes consistências, de modo e reduzir o risco de exsudação e segregação;
  • O molde da fôrma deve ser preenchido de maneira uniforme, evitando o lançamento em pontos concentrados, que possa provocar deformações do sistema de fôrmas;
  • O concreto deve ser lançado o mais próximo possível de sua posição definitiva, evitando-se incrustação de argamassa nas paredes das fôrmas e nas armaduras;
  • Todos os equipamentos utilizados no lançamento do concreto devem estar limpos e em condições de utilização e devem permitir que o concreto seja levado até o ponto mais distante a ser concretado na estrutura sem sofrer segregação.

O concreto deve ser lançado com técnica que elimine ou reduza significativamente a segregação entre seus componentes, observando-se maiores cuidados quanto maiores forem a altura de lançamento e a densidade de armadura.

Concretagem com Caminhão Betoneira
Concretagem com Caminhão Betoneira

Estes cuidados devem ser majorados quando a altura de queda livre do concreto ultrapassar 2 metros, no caso de peças estreitas e altas, de modo a evitar a segregação e falta de argamassa, como nos pés de pilares e nas juntas de concretagem de paredes. Entre os cuidados que podem ser tomados, no todo ou em parte, recomenda-se:

  • Emprego de concreto com teor de argamassa e consistência adequados, a exemplo de concreto com características para bombeamento;
  • Uso de dispositivos que conduzam o concreto, minimizando a segregação, como funis, calhas e trombas.

Deve-se cuidar para não haver deslocamento de armaduras, dutos de protensão, ancoragens e fôrmas, bem como não produzir danos nas superfícies das fôrmas, principalmente quando o lançamento do concreto for realizado em peças altas, por queda livre.

Lançamento Submerso

O lançamento de concreto submerso não deve ser realizado quando a temperatura da água for menor que 5°C, mesmo estando o concreto fresco com temperatura normal, nem quando a velocidade da água for maior que 2 m/s.

A ponta do tubo de lançamento deve ser mantida dentro do concreto já lançado, a fim de evitar agitação prejudicial. Após o lançamento o concreto não deve ser manuseado para adquirir uma forma definitiva específica, devendo-se manter continuidade na concretagem.

Adensamento

Durante e imediatamente após o lançamento, o concreto deve ser vibrado ou apiloado continuamente com equipamento adequado à sua consistência. O adensamento deve ser cuidadoso para que o concreto preencha todos os recantos das fôrmas e para que não se formem ninhos ou segregação dos materiais. Tanto a falta como o excesso de vibração são prejudiciais ao concreto.

Vibrando o concreto da laje - Confira!

Quando forem utilizados vibradores de imersão, a espessura da camada deve ser aproximadamente igual a 3/4 do comprimento da agulha. Ao vibrar uma camada de concreto, o vibrador deve penetrar cerca de 10 cm na camada anterior.

Devem ser tomados os seguintes cuidados durante o adensamento com vibradores de imersão:

  • Preferencialmente aplicar o vibrador na posição vertical;
  • Vibrar o maior número possível de pontos ao longo do elemento estrutural;
  • Retirar o vibrador lentamente, mantendo-o sempre ligado, a fim de que a cavidade formada pela agulha se feche novamente;
  • Não permitir que o vibrador entre em contato com a parede da fôrma, para evitar a formação de bolhas de ar na superfície da peça;
  • Evitar a vibração da armadura para que não se formem vazios ao seu redor, com prejuízos da aderência;
  • Promover um adensamento uniforme e adequado de toda a massa de concreto, observando cantos e arestas, de maneira que não se formem vazios;
  • Mudar o vibrador de posição quando a superfície apresentar-se brilhante.

No adensamento manual, a altura das camadas de concreto não deve ultrapassar 20 cm. A altura da camada de concreto a ser adensada deve ser menor que 50 cm, de modo a facilitar a saída de bolhas de ar.

Cura

Enquanto não atingir endurecimento satisfatório, o concreto deve ser curado e protegido contra agentes prejudiciais, sendo algumas medidas:

  • Evitar a perda de água pela superfície exposta;
  • Assegurar uma superfície com resistência adequada;
  • Assegurar a formação de uma capa superficial durável.

Os agentes prejudiciais à cura do concreto mais comuns em seu início de vida são:

  • Mudanças Bruscas de Temperatura;
  • Secagem;
  • Chuva Forte;
  • Água Torrencial;
  • Congelamento;
  • Agentes Químicos;
  • Choques e Vibrações.

O endurecimento do concreto pode ser acelerado por meio de tratamento térmico ou pelo uso de aditivos que não contenham cloreto de cálcio em sua composição, não se dispensando as medidas de proteção contra a secagem.

Elementos estruturais de superfície devem ser curados até que atinjam resistência característica à compressão (fck) igual ou maior que 15 MPa, de acordo com a NBR 12655.

Desforma

A retirada das fôrmas e do escoramento só pode ser feita quando o concreto estiver suficientemente endurecido para resistir às ações que sobre ele atuarem e não conduzir a deformações inaceitáveis.

Pilares de Concreto – Desformando as Caixarias

Para o atendimento dessas condições, o responsável pelo projeto da estrutura deve informar ao responsável pela execução da obra os valores mínimos de resistência à compressão e módulo de elasticidade que devem ser obedecidos para a retirada das fôrmas e do escoramento, bem como a necessidade de um plano particular (sequência de operações) de retirada do escoramento.

Fôrmas e escoramentos devem ser removidos de acordo com o Plano de Desforma, que deve considerar:

  • Peso próprio da estrutura ou da parte a ser suportada por um determinado elemento estrutural;
  • Cargas devidas a fôrmas ainda não retiradas de outros elementos estruturais (pavimentos);
  • Sobrecargas de execução, como movimentação de operários e material sobre o elemento estrutural;
  • Sequência de retirada das fôrmas e escoramentos e a possível permanência de escoramentos localizados;
  • Operações particulares e localizadas de retirada de fôrmas;
  • Condições ambientais a que será submetido o concreto após a retirada das fôrmas e as condições de cura;
  • Possíveis exigências relativas a tratamentos superficiais posteriores;
  • Tempo de permanência de escoramentos e fôrmas.
    • Se a fôrma for parte integrante do sistema de cura, como no caso de pilares e laterais de vigas, o tempo de remoção deve considerar os requisitos de cura.

Escoramentos e fôrmas não devem ser removidos, em nenhum caso, até que o concreto tenha adquirido resistência suficiente para:

  • Suportar a carga imposta ao elemento estrutural nesse estágio;
  • Evitar deformações que excedam as tolerâncias especificadas;
  • Resistir a danos para a superfície durante a remoção.

Tratamento de Juntas

As juntas de concretagem, sempre que possível, devem ser previstas no Projeto Estrutural e posicionadas onde forem menores os esforços de cisalhamento, preferencialmente em posição perpendicular aos esforços de compressão, salvo se demonstrado que a junta não provocará a diminuição da resistência do elemento estrutural. No caso de vigas ou lajes o lançamento do concreto deve ser interrompido no plano horizontal.

Quando o lançamento do concreto for interrompido, formando uma junta de concretagem não prevista, devem ser tomadas as devidas precauções para garantir a ligação do concreto já endurecido com o do novo trecho. A execução de juntas não previstas no Projeto Estrutural devem ser previamente aprovadas pelo responsável técnico pela obra.

Para se obter a aderência desejada entre a camada remanescente e o concreto a ser lançado, algumas medidas devem ser tomadas:

  • O concreto deve ser perfeitamente adensado até a superfície da junta;
  • Aplicar argamassa com a mesma composição da argamassa do concreto sobre a superfície da junta, para evitar a formação de vazios;
  • Não deve haver acúmulo de água em cavidades formadas pelo método de limpeza da superfície;
  • Recomenda-se deixar arranques da armadura, barras cravadas e/ou reentrâncias no concreto mais velho;
  • Quando necessário, pode-se utilizar jateamento de abrasivos ou o apicoamento da superfície da junta, com posterior lavagem, de modo a deixar aparente o agregado graúdo;
    • Nesse caso, o concreto já endurecido deve ter resistência suficiente para não sofrer perda indesejável de material;
  • Remover a nata da pasta de cimento (vitrificada);
    • Pode ser retirada com aplicação de jato de água sob forte pressão logo após o fim de pega (“corte verde”);
  • Fazer a limpeza da superfície da junta, com a retirada do material solto.

Podem ser utilizados produtos para melhorar a aderência entre as camadas de concreto em uma junta de concretagem, desde que não causem danos ao concreto e seja possível comprovar desempenho ao menos igual ao dos métodos tradicionalmente utilizados. O uso de resinas, nesse caso, deve levar em conta seu comportamento ao fogo.

Referências

  • Normas Técnicas
    • NBR 6118 – Projeto de Estruturas de Concreto – Procedimento
    • NBR 6122 – Projeto e Execução de Fundações
    • NBR 7212 – Execução de Concreto Dosado em Central – Procedimento
    • NBR 8953 – Concreto para Fins Estruturais – Classificação pela Massa Específica, por Grupos de Resistência e Consistência
    • NBR 12655 – Concreto de Cimento Portland – Preparo, Controle, Recebimento e Aceitação – Procedimento
    • NBR 14931 – Execução de Estruturas de Concreto – Procedimento
    • NBR 15696 – Fôrmas e Escoramentos para Estruturas de Concreto — Projeto, Dimensionamento e Procedimentos Executivos

Matheus Carvalho

Engenheiro Civil na CarLuc Engenharia CREA - RS238065