O que é Tijolo Ecológico?
Tijolo ecológico é um modelo de tijolo que não passa pelo processo de queima, o que consequentemente evita o uso de combustíveis e a emissão de gases poluentes durante sua fabricação.
Este conceito parece amplo, e de fato é. Como veremos neste artigo, existem tijolos ecológicos feitos de diversos materiais, inclusive de resíduos que seriam descartados na natureza e demorariam anos para se decompor.
O termo “tijolo ecológico” parece ser tão atual que alguns desconhecem, mas há registros do uso deste tipo de tijolo desde as primeiras civilizações, com os chamados “adobes”. Estes eram feitos a partir da mistura de terra crua e água, algumas vezes utilizando palha ou outras fibras naturais como aditivos.
Os tijolos de terra crua tiveram um declínio em sua utilização pós revolução industrial, com surgimento de novas tecnologias construtivas e de novos materiais industrializados, como o cimento e o aço. Mas nunca deixaram, de fato, de serem utilizados.
Tipos de Tijolo Ecológico
1) Solo-cimento
O tijolo de solo-cimento é um subtipo do tijolo ecológico, apesar de ser conhecido apenas pelo nome ecológico, o que gera certa confusão.
Eles são feitos a partir da mistura homogênea de solo + cimento + água (geralmente 1 parte de cimento para 8 de solo), compactado por prensa manual ou hidráulica. O solo pode ser de qualquer tipo, desde que não contenha matéria orgânica.
Este tipo de tijolo é normatizado no Brasil pela NBR 10834 e NBR 10836, devendo atingir uma resistência igual ou superior a 2MPa e absorver menos que 20% de água. São blocos resistentes à água e podem ser utilizado para execução de alvenaria sem função estrutural.
Vários estudos vêm sendo desenvolvidos no intuito de reutilizar resíduos como agentes cimentantes (em substituição do cimento Portland) ou aditivos à essa mistura de “solo-cimento”. Materiais como cal, cinzas (de casca de arroz, do bagaço da cana), pó de serra, vidro moído, borracha, além dos resíduos industriais e da construção civil.
2) Reaproveitamento de Resíduos
Com o avanço das descobertas científicas e tecnológicas, muitos materiais que antes eram descartados, hoje são reutilizados para fabricação de novos tijolos com resultados surpreendentes. Confiram alguns deles:
Em Nairóbi, a engenheira de materiais Nzambi criou tijolos feitos de resíduos plásticos e areia que são até 7 vezes mais fortes que concreto.
A startup ByFusion criou um tijolo ecológico, chamado Replast, desenvolvido a partir de todos os tipos de plásticos retirados dos oceanos, comprimindo-os através de uma máquina de modular. Sua fabricação emite 95% menos gases de efeito estufa em comparação com um bloco de concreto e não precisa de colas ou adesivos para seu assentamento.
3) Terra Crua (Adobe ou BTC)
Estes tijolos são feitos apenas de solo e água, e são muito utilizados na bioconstrução. A diferença entre eles está na moldagem, enquanto os BTCs são feitos em prensas, os adobes são feitos em moldes – geralmente de madeira.
Pelo fato do solo não ser estabilizado por um agente químico, não são resistentes à ação direta da água, por isso paredes feitas desse tipo de tijolo devem ser protegidas por beirais e elevadas do terreno, com base de pedras, por exemplo. Também podem ser utilizados em regiões de clima atípico, onde não há grande volume de chuva.
Onde usar o Tijolo Ecológico?
Neste tópico vamos falar especificamente dos blocos modulares vazados, geralmente feitos de solo-cimento, como os da imagem abaixo:
Eles podem ser utilizados como alvenaria de vedação, sem função estrutural. Também, de acordo com as especificações técnicas de cada fabricante, podem ser utilizados na alvenaria estrutural de maneira similar aos blocos cerâmicos ou de concreto, em construções modulares.
Este tipo de tijolo permite embutir as ferragens (graute) e as tubulações elétricas e hidráulicas, evitando quebra de parede e o uso de madeira para fôrmas. Além disso, torna a construção mais rápida e limpa.
Por possuírem 2 furos, estes tijolos apresentam um ótimo conforto acústico e térmico. Além de evitarem a formação de umidade em sua superfície, pois facilitam a evaporação do ar.
Geralmente os fabricantes vendem em 3 modelos: O tijolo inteiro, meio e em canaleta. O tijolo em canaleta serve para fazer vergas, contravergas e cintas de amarração.
Outra dúvida que surge é em relação aos revestimentos: podem receber gesso, pintura ou cerâmicas, mas também podem ser utilizados como tijolo à vista, dando um aspecto rústico à obra.
Quais as principais vantagens e desvantagens de usar o Tijolo Ecológico?
Como vimos nesse artigo, existem vários subtipos de tijolo ecológico, cada qual trazendo especificamente suas vantagens e desvantagens de acordo com sua composição. Por isso, recomendamos que você se informe sobre determinado produto antes de comprá-lo de um fabricante.
De uma maneira geral, podemos citar:
Vantagens
• Menor poluição ambiental, pois não passa pelo processo de cozimento;
• Possibilidade de reutilização de resíduos;
• Construção limpa e mais rápida, pois em geral não necessitam de juntas de assentamento;
• Pode ser utilizado no próprio tijolo à vista, ficando um acabamento perfeito.
Desvantagens
• Falta de padronização entre os fabricantes;
• Desconfiança por parte dos usuários, por ser inovador;
• Mão-de-obra especializada.
Referências
- Normas Técnicas
- NBR 8545 – Execução de Alvenaria sem Função Estrutural de Tijolos e Blocos Cerâmicos – Procedimento
- NBR 10834 – Bloco de solo-cimento sem função estrutural — Requisitos
- NBR 10836 – Bloco de solo-cimento sem função estrutural — Análise dimensional, determinação da resistência à compressão e da absorção de água — Método de Ensaio
- NBR 15575-4 – Edificações habitacionais — Desempenho – Parte 4: Requisitos para os sistemas de vedações verticais internas e externas — SVVIE
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