Junta de Dilatação – Tipos e Execução

O que é Junta de Dilatação?

A junta de dilatação é uma abertura na estrutura com propósito de separar duas peças ou elementos, como estruturas de concreto armado ou placas cerâmicas, de espaçamento regular e prevista no Projeto Estrutural.

Junta de Dilatação em Ponte
Junta de Dilatação em Ponte

Ela serve para permitir a deformação do material, que ocorre devido a variações de temperatura e movimentações mecânicas. Quando a temperatura diminui, o material tende a se retrair, e quando há aumento da temperatura, a tendência é que o material se expanda.

A execução de uma boa junta de dilatação evita o aparecimento de fissuras, trincas e rachaduras, aumentando a vida útil do elemento e garantindo a segurança das estruturas.

As juntas de dilatação podem aparecer tanto em construções em concreto armado como em revestimentos de gesso e placas cerâmicas. Neste artigo, abordaremos o uso da junta em estruturas de concreto.

Tipos de Juntas de Dilatação

A NBR 7583 (Execução de Pavimento de Concreto Simples por Meio Mecânico) classifica as juntas estruturais em quatro tipos: juntas serradas, juntas de construção, juntas de encontro e juntas de expansão.

Junta de Dilatação em Calçada
Junta de Dilatação em Calçada

Junta Serrada

Esse tipo de junta é executada somente depois a concretagem da estrutura. Elas são previstas em concretagens contínuas e extensas, normalmente feitas em grandes pisos.

A concretagem é feita de uma só vez e, após a cura, são feitos cortes superficiais no concreto nas posições indicadas em projeto, utilizando serra policortes ou lixadeira. Isso faz com que o concreto trinque exatamente no alinhamento do corte, permitindo a sua movimentação.

Devem ser executadas, preferencialmente, em concreto quase endurecido, com idade entre 6h e 48h. A posição das juntas é alinhada conforme o projeto para o corte com a serra diamantada. Após o corte, é feita a limpeza das ranhuras, com pincel ou soprador.

Junta de Encontro

Esse tipo de junta é previsto para isolar a concretagem nova de uma construção já existente. Por exemplo, na concretagem de um piso, é necessário isolar as vigas baldrame, então são inseridas placas de isopor (EPS) entre as vigas e o piso, impedindo o contato do concreto fresco com a viga.

Junta de Construção (ou Junta de Concretagem)

Esse tipo de junta é utilizada para separar as etapas de concretagem de uma construção, quando não há a possibilidade de concretar toda a estrutura de uma só vez. É bastante comum no topo dos pilares, que normalmente são concretados separadamente das vigas e lajes, e em pilares muito altos, onde é necessário separar a concretagem em várias etapas.

Junta de Expansão

Para possibilitar a variação volumétrica do concreto, são implementadas as juntas de expansão. Elas são preenchidas com materiais flexíveis e seladas com adesivos elásticos, a fim de garantir a absorção das deformações do concreto e a vedação das ranhuras. O projeto deve prever essas juntas pelo menos a cada 15 m de estrutura, segundo a NBR 6118.

O material de enchimento da parte inferior da junta deve assentar completamente o fundo da caixa. A parte superior da junta, que recebe a selagem, deve ser moldada aplicadores próprios para o material. Antes da aplicação do selante, são colocadas fitas no entorno da junta para evitar o contato do selante com o concreto.

Patologias

As patologias nas construções podem ocorrer devido à problemas nas etapas de projeto, execução ou manutenção, ou na combinação delas. Em juntas de dilatação, é comum surgir complicações devido ao mau dimensionamento do elemento, quando não há o respeito do limite de uma junta a cada 15 m previsto em norma. Essas irregularidades ocasionam problemas estruturais, possibilitando o aparecimento de trincas, fissuras e rachaduras.

Além disso, falhas na execução também podem se tornar um grande inconveniente, tanto no momento da concretagem quanto na aplicação dos selantes (quando não há a devida limpeza das ranhuras, por exemplo, e o selante não adere ao concreto, fazendo com que ele não desempenhe a sua função conforme o esperado). Uma vedação não adequada na junta é suscetível ao aparecimento de infiltrações, que podem facilmente danificar o concreto.

A NBR 5626 traz ainda uma proibição quanto ao uso de juntas de dilatação para passagem de tubulações.

Deve-se atentar também à escolha dos materiais, pois o uso de materiais de baixa qualidade também pode ser um fator prejudicial ao comportamento das juntas, ocasionando retrabalhos e gastos não planejados. Lembre-se: o barato sai caro!

Execução e Equipamentos

Todas as juntas devem estar em conformidade com as posições indicadas no projeto, não se permitindo desvios de alinhamento superiores a 5 mm. As juntas devem ser contínuas em todo o seu comprimento.

Aplicação de Selante em Junta de Dilatação
Aplicação de Selante em Junta de Dilatação

A execução das juntas pode ser feita por dois métodos: pela moldagem da ranhura com o concreto ainda fresco ou pelo corte da junta com serra de disco diamantado, com o concreto já curado.

Materiais

Enchimento

Placa de EPS (isopor) flexível, que permite o isolamento térmico e a vedação da junta.

Delimitador de Profundidade

Encontrado como “tarucel”, é uma corda flexível em espuma de polietileno de baixa densidade, evita a fuga do selante durante a aplicação e proporciona o correto dimensionamento da junta, além de contrair e expandir de acordo com a movimentação do concreto.

Selante

Utiliza-se o chamado “mastique”, normalmente à base de poliuretano, sendo um selante elástico e impermeável que resiste às intempéries e aos raios solares, garantindo a estanqueidade.

Para a aplicação do material selante nas juntas, estas devem ser previamente limpas e secas, utilizando-se pinceis, vassouras ou ar comprimido. O selante deve ser aplicado cuidadosamente no interior dos sulcos, de modo a preencher a junta sem que haja transbordamento.

Os excessos e respingos devem ser removidos. Todas as juntas devem ser seladas de forma a torna-las estanques à percolação da água.

Referências