O que é Cronograma Físico-Financeiro?
O cronograma físico-financeiro é uma das ferramentas mais importantes para o controle da obra, pois é usado para administrar a execução do serviço (físico) e o fluxo de caixa (financeiro). Esse tipo de controle é essencial para garantir que não falte recursos durante a obra, que poderiam gerar paralisações e prejuízos.
A ferramenta também é muito usada para elaboração de estudos de viabilidade financeira, visto que fornece ao investidor uma previsão de gastos em determinado prazo, permitindo a avaliação real do Retorno sobre Investimento (ROI) em comparação a outros investimentos.
Por exemplo, ao contratarmos o serviço de pintura combinamos o valor de R$20,00 por m² e um prazo para finalização. Sabendo disso, é possível definir um cronograma de pagamentos de acordo com o andamento da execução e verificar se o serviço será realizado dentro do prazo.
O pagamento pode ser feito da maneira que as partes acharem mais conveniente, seja no fim do mês, a cada 25% da etapa executada, ao fim de cada etapa ou ao fim de várias etapas. Dessa forma todas as partes envolvidas podem se planejar e antecipar problemas que possam surgir, ou até mesmo adiantar compra de materiais caso uma etapa avance mais rápido que o esperado.
Outra grande vantagem é a possibilidade de verificar a utilização de material e recursos financeiros no decorrer da obra, evitando possíveis fraudes e desvio de recursos. Além disso, com um controle tão detalhado dos serviços é possível melhorar cada vez mais a alocação de recursos e a contratação de mão de obra para cada etapa.
Como elaborar um Cronograma Físico-Financeiro de Obra?
Análise dos Projetos
Primeiro é preciso que os projetos estejam finalizados, pois sem eles é impossível quantificar e, portanto, medir a execução dos serviços. É do projeto que tiramos medidas de paredes, pisos, pé direito e todas as informações relevantes para elaboração do cronograma físico-financeiro.
Cada projeto irá permitir que seja feito um levantamento específico da execução, por exemplo, para saber quanto será gasto em aço, concreto e fôrma será necessário o Projeto Estrutural, enquanto para quantificar tijolos, esquadrias e outros componentes da edificação, o Projeto Arquitetônico será utilizado.
Definição dos Serviços
Com os projetos em mãos, é necessário quantificar as informações e especificações necessárias para definir os serviços envolvidos na execução de cada item. Alguns exemplos de medidas importantes para o elaboração do cronograma são:
- Área de Parede para Assentamento de Tijolos, Reboco e Pintura;
- Área de Piso para Contrapiso, Assentamento e Revestimento do Piso;
- Área de Cobertura para Execução do Madeiramento, Impermeabilização e Colocação de Telhas.
Muitos desses parâmetros também são utilizados para elaboração do Quantitativo de Materiais, Orçamento e Acompanhamento da Obra, por isso é importante organizar os processos para que não haja retrabalho desnecessário.
Além do levantamento das características do projeto, a definição dos serviços requer ainda conhecimento avançado sobre cada elemento da obra. Podemos tirar como exemplo a execução de uma viga de concreto armado, que inclui serviços como:
- Montagem de Fôrmas
- Armação
- Concretagem
- Desforma
Estimativa de Prazos e Custos
Após a definição dos serviços, é necessário definir um prazo de execução e custo estimado. É importante entender bem como cada serviço funciona ter conhecimento sobre os materiais utilizados, qualidade esperada e etapas de execução e controle. Para isso, pode-se utilizar bancos de dados como SINAPI e TCPO, que indicam o tempo para execução de determinados serviços e os insumos necessários, juntamente com seus custos estimados.
Seguindo com o exemplo da viga de concreto armado, cada um dos serviços indicados possui um prazo e custo próprio, que variam de acordo com o volume, área de superfície, armadura e distância do piso. Além disso, considerando que há múltiplas vigas em um mesmo projeto, a definição dos prazos e custos requer ainda um alinhamento com o dimensionamento da equipe e disponibilidade de recursos físicos e financeiros.
Dessa forma, é importante que o responsável pelo acompanhamento da obra tenha conhecimento avançado sobre os prazos e insumos utilizados nos diversos serviços, visto que para realização de um controle eficaz precisamos inclusive analisar se os prazos e valores indicados pelo construtor estão de acordo com realidade, e não somente se estão sendo cumpridos.
Referências
- Decreto nº 7.983, 08 de Abril de 2013 – Estabelece regras e critérios para elaboração do orçamento de referência de obras e serviços de engenharia, contratados e executados com recursos dos orçamentos da União, e dá outras providências.
- Normas Técnicas
- NBR 6492 – Documentação Técnica para Projetos Arquitetônicos e Urbanísticos – Requisitos
- NBR 12721 – Avaliação de Custos Unitários de Construção para Incorporação Imobiliária e Outras Disposições para Condomínios Edifícios – Procedimento
- NBR 13752 – Perícias de Engenharia na Construção Civil
- NBR 14653 – Avaliação de Bens – Partes 1 a 7
- NBR 16636 – Elaboração e Desenvolvimento de Serviços Técnicos Especializados de Projetos Arquitetônicos e Urbanísticos
- BAETA, André A. Pachioni P. – Orçamento e Controle de Preços de Obras Públicas –. São Paulo: Pini, 2012. p. 62.