O que é Sondagem a Trado?
A Sondagem a Trado é um tipo de sondagem de solo muito mais simples, barata e rápida que a sondagem SPT, porém, muito mais limitada quanto à profundidade de inspeção e das informações que podem ser obtidas.
Esse tipo de sondagem pode ser realizada tanto manualmente quanto mecanicamente, sendo seus principais objetivos:
- Medição do Nível d’Água;
- Identificação Preliminar do Solo;
- Aquisição de Amostras.
Execução da Sondagem a Trado Passo a Passo
Os procedimentos e equipamentos estão descritos na NBR 9603. As etapas são similares às etapas da sondagem SPT, sendo necessário a coleta de amostras a cada metro e na mudança do tipo ou características do solo. Esse tipo de sondagem é indicada principalmente para pequenas perfurações e solos de baixa resistência.
Perfuração
A perfuração deve ser iniciada com o Trado tipo Cavadeira e, ao encontrar solo com maior resistência, ser continuada com o Trado Helicoidal. Caso a perfuração se torne ainda mais difícil pela presença de camada de cascalho, deve ser feita uma tentativa de avanço usando ponteira.
Durante a perfuração o profissional deve ficar atento a qualquer aumento aparente da umidade do solo, pois indica proximidade do nível d’água. Ao se atingir o nível d’água deve-se interromper a perfuração, registrar a profundidade em relação ao nível do terreno e observar sua elevação, realizando leituras a cada 5 min, durante 30 min, e 24 horas após a conclusão do furo.
Amostragem
As amostras devem ser coletadas a cada metro ou quando houver mudança no tipo de solo encontrado. As amostras para determinação da umidade natural devem ser acondicionadas imediatamente após o avanço de cada furo, coletando-se cerca de 100 gramas em recipiente de tampa hermética, parafinada ou selada com fita colante.
As amostras para ensaio em laboratório devem possuir no mínimo 4kg e ser acondicionadas em sacos de lona ou plástico com amarilho, sendo identificadas por duas etiquetas, uma externa e outra interna ao recipiente de amostragem, onde devem constar:
- Nome da obra;
- Nome do local;
- Identificação do furo pelas letras ST. seguidas do número indicativo;
- Intervalo de profundidade da amostra;
- Data da coleta;
- Identificação da amostra.
Paralisação
De acordo com a norma, a sondagem a trado deve ser finalizada quando ocorrer pelo menos uma das situações:
- Atingir profundidade definida em projeto;
- Ocorrerem desmoronamentos sucessivos das paredes do furo;
- Avançar menos que 50mm em 10 minutos de perfuração contínua;
Conclusão
Após atingir um ou mais critérios de paralisação, conforme determinado no planejamento da sondagem no Projeto de Fundação, deve-se preencher totalmente o furo com solo e cravar uma estaca com a sua identificação.
Equipamentos, Ferramentas e Materiais
A aparelhagem padrão é composta dos seguintes elementos:
- Trado tipo cavadeira, com diâmetro mínimo de 63,5 mm;
- Trado helicoidal ou espiral, com diâmetro mínimo de 63,5 mm;
- Cruzetas, hastes e luvas de aço com diâmetro mínimo de 25 mm;
- Chaves de grifo;
- Medidor de nível d’água;
- Metro ou trena;
- Recipientes para amostras;
- Parafinas ou fita colante;
- Sacos plásticos e de lona;
- Etiquetas para identificação;
- Ponteira constituída por peça de aço terminada em bisel, com 63 mm de largura e 200 mm de comprimento mínimo.
Documentação
A documentação poderá variar de acordo com o porte e objetivo da obra. É importante que tudo esteja devidamente documentado para que não fiquem dúvidas na elaboração dos projetos.
Boletim de Campo
Nas folhas de anotações de campo devem ser registrados:
- Nome da obra e interessado;
- Identificação e localização do furo;
- Diâmetro de sondagem (início e término);
- Datas de início e fim da sondagem;
- Descrição e profundidade das amostras coletadas;
- Medidas de nível d’água, com data, hora e profundidade do uro por ocasião da medida;
- Ferramenta utilizada na perfuração e profundidade respectiva.
Relatório de Ensaio
Os resultados das sondagens devem ser apresentados em relatórios numerados, datados e assinados por responsável técnico registrado no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA). Nos relatórios devem constar as seguintes informações:
- Nome da Empresa, Obra e do Interessado
- Local e Natureza da Obra
- Descrição sumária do método e dos equipamentos utilizados
- Total perfurado, em metros
- Declaração que foram obedecidas as normas relativas ao assunto
- Observações e comentários relevantes
- Referências
- Planta do Local da Obra
- Cotas referenciadas
- Nível
- Localização das sondagens
- Relatório de Sondagem para cada furo
- Nome da Empresa, Obra e do Interessado
- Diâmetro do Tubo de Revestimento e do Amostrador
- Identificação das Sondagens
- Cotas, com precisão centimétrica
- Linhas Horizontais, cotadas a cada 5m em relação à referência
- Posição das amostras colhidas, amostrar não recuperar e detritos colhidos na circulação d’água
- Profundidades das transições de camada
- Índice de Resistência à Penetração (Nspt)
- Níveis d’água com data e indicação de pressão ou perdas quando houver
- Indicação da ausência de água
- Data de início e término
- Métodos de Perfuração Utilizados e Profundidades Respectivas por trecho
- Procedimentos especiais
- Resultados dos ensaios de avanço de perfuração por circulação d’água
- Representação gráfica dos perfil do solo, em escala 1:100
Referências
- Normas Técnicas
- NBR 6122 – Projeto e Execução de Fundações
- NBR 6489 – Solo – Prova de Carga Estática em Fundação Direta
- NBR 6502 – Rochas e Solos – Terminologia
- NBR 8036 – Programação de sondagens de simples reconhecimento dos solos para fundações de edifícios – Procedimento
- NBR 9603 – Sondagem a Trado – Procedimento
- NBR 13441 – Rochas e Solos – Simbologia